Michel Temer quebra tradição e escolhe Raquel Dodge para para ocupar o posto de procuradora geral da República

Michel Temer quebra tradição e escolhe Raquel Dodge para para ocupar o posto de procuradora geral da República

O presidente Michel Temer escolheu Raquel Dodge para ocupar o posto de procuradora geral da República. Primeira mulher a ocupar o cargo, ela sucederá Rodrigo Janot, que na última segunda-feira denunciou Temer por corrupção iva. O mandato de Janot só termina no dia 17 de setembro.

Raquel era considerada a candidata preferida de caciques do PMDB. Ela contou com forte apoio do ex-presidente José Sarney, do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (AL) e do o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PR). Os dois primeiros são investigados pela Lava Jato. Raquel ficou em segundo lugar na lista tríplice elaborada por integrantes do Ministério Público Federal.

Temer recebeu a lista na tarde desta quarta-feira (28) das mãos de José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), e decidiu nomear Raquel, a segunda mais votada na lista tríplice.

Antes do anúncio, Temer se reuniu com a subprocuradora no gabinete presidencial para informá-la. O ministro da Justiça, Torquato Jardim, também participou do encontro.

A rapidez na indicação teve como objetivo evitar a pressão da categoria para que o presidente escolhesse o primeiro da lista. Além disso, em uma disputa aberta com o atual procurador geral, o peemedebista quis qualificar uma voz dissonante a Janot, que o acusou de corrupção nesta semana ao Supremo Tribunal Federal.

Dodge faz oposição à atuação de Janot à frente do Ministério Público Federal. Além disso, ao antecipar a escolha, Temer tenta esvaziar os atos de Janot frente à PGR. O presidente quis ainda evitar que o nome da subprocuradora ficasse por muito tempo exposto a ataques de aliados do procurador geral, o que poderia desgastar a sua imagem para o cargo.

Ao contrário de Janot, a escolhida de Temer mantém boas relações com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), crítico recorrente dos métodos do Ministério Público Federal na Lava Jato.

O presidente rompe a tradição estabelecida em 2003, quando desde então é escolhido o candidato mais votado da lista tríplice. O primeiro lugar havia ficado com Nicolao Dino, candidato de Janot. Ele é irmão de Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão e adversário político de Sarney.

A Constituição confere ao presidente a prerrogativa de escolher o chefe do Ministério Público Federal. O presidente não é obrigado a seguir a lista.

Raquel atua hoje como subprocuradora geral da República no Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria criminal. Participou da operação Caixa de Pandora que, em 2009, apontou um esquema de corrupção articulado pelo então governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM) para a compra de apoio de deputados distritais. Ela também atuou na equipe que processou criminalmente o ex-coronel da PM Hildebrando Paschoal, acusado de liderar um grupo de extermínio que agiu no Acre durante a década de 90.

Rito. Após a indicação pelo presidente, Raquel Dodge deverá ser aprovada no Senado. Primeiro, será sabatinada na Comissão de Constituição e Justiça, e depois seu nome será colocado em votação no plenário, o que não tem data prevista para ocorrer.

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