Coluna de Leandro Heringer – A Ilusão da Maternidade Reborn e os Limites da Realidade

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É possível mudar a realidade com a força do pensamento? Nos últimos anos, várias situações têm demonstrado essa tentativa, dependendo do contexto e de interesses nem sempre claros.

A atual tentativa vem de “mães de bebês reborn”. Mas, o que é isso? O chamado “bebê” nada mais é do que uma boneca personalizada. Mulheres se declaram mães dessas bonecas e buscam até mesmo serviços públicos de saúde para atendimento.

Essa situação é reflexo do relativismo de normas – sejam físicas, jurídicas, biológicas ou morais. A busca pela completude e a negação de limites impostos pela realidade proporcionam um potencial desvinculamento do mundo real.

Pessoas magras que se percebem gordas têm distúrbio de autoimagem. Práticas para “atingirem” o objetivo não são incentivadas. O nome dessa doença é anorexia nervosa, classificada no Código Internacional de Doenças (CID-10) com o código F50.0. A definição é: “Anorexia nervosa é um transtorno caracterizado por perda de peso intencional, induzida e mantida pelo paciente”.

Contudo, situações análogas não são percebidas e tornam-se potencializadas. A busca por uma maternidade superficial alcança ações desesperadas. A realidade se impõe aos desejos. Trabalhar a frustração é essencial para a formação da personalidade.

Lidar com contextos adversos faz parte da trajetória da humanidade, tanto em termos individuais quanto coletivos. Criar narrativas, falácias, mentiras e estórias para acalmar mentes e corações é um ato de irresponsabilidade individual e coletiva.

Chega-se ao ponto de uma ação vista como surreal em outros tempos possuir embasamento para a realidade alternativa de certas pessoas. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, há uma proposta, apresentada pelo deputado estadual Caporezzo, de proibição de atendimento médico a bonecas e outros objetos inanimados, com a possibilidade de multa.

Imaginar pessoas levando objetos para atendimento em serviços essenciais traz à tona a necessidade do cuidado com a saúde mental. Os desejos aliados ao relativismo podem criar a sensação de prepotência em relação à realidade. A falta de trato com as frustrações pode contribuir para uma “realidade alternativa” com impacto social. Há outra saída para quem está cansado e oprimido. Mas esse é tema para outro texto.