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Leandro Heringer
Leandro Heringer

Coluna de Leandro Heringer – A Polêmica da Camisa Vermelha: Ideologia, Marketing e a Transformação do Símbolo Nacional da Seleção Brasileira

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Nélson Rodrigues dizia que a “Seleção é a pátria de chuteiras”. Várias nações têm expressões culturais ligadas à identidade nacional. Embora criado na Inglaterra, o futebol possui um elo forte com o Brasil. A seleção brasileira, com mais títulos de Copa do Mundo, craques reconhecidos mundialmente e sendo a terra de Pelé, tem uma associação histórica com o esporte.

Conhecida como “Canarinho” pela camisa amarela, a seleção brasileira teve como sua primeira cor de camisa o branco. Contudo, marcada pela derrota no Maracanã em 1950, a cor foi trocada pelo famoso amarelo, associado às cores da bandeira nacional, tornando-se um símbolo nacional.

Uma curiosidade: o primeiro título de Copa do Mundo, em 1958, na Suécia, foi conquistado com o uniforme de outra cor: azul. Como a final foi contra a equipe dona da casa, que também veste amarelo, a seleção brasileira usou o segundo uniforme.

O valor de vestir a seleção brasileira é alto. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) renovou com a empresa americana de material esportivo Nike o contrato de fornecimento de material por 100 milhões de euros anuais até 2038.

Pelo montante pago, é possível ter noção da relevância mundial da marca “Brasil” no futebol. Por outro lado, a importância do contrato para a CBF também é enorme. Em balanço divulgado referente ao ano de 2024, a confederação anunciou uma arrecadação superior a 1,5 bilhão de reais, sendo cerca de 40% proveniente do contrato renovado.

Essa contextualização é importante para verificar e relacionar o valor e o preço de um símbolo nacional. O site Footy Headlines informou que a seleção brasileira deverá ter uma camisa vermelha como segundo uniforme, substituindo a histórica camisa azul.

Várias teorias foram divulgadas sobre essa suposta decisão. A de maior repercussão aborda que o vermelho teria uma conotação política, servindo de “uniforme” tanto na Copa do Mundo quanto nas eleições. Dessa forma, haveria, supostamente, maior venda da camisa, subvertendo um símbolo nacional a certa ideologia.

Outra reflexão foi a apropriação das cores do Flamengo – time de maior torcida no Brasil e patrocinado pela Adidas – para aumentar as vendas da empresa que, atualmente, patrocina apenas a seleção brasileira e o Corinthians.

Há também quem defenda ser uma estratégia de marketing para gerar engajamento nas plataformas digitais e servir como teste de avaliação da possível mudança. Estratégia para divulgação da marca “Jordan”, submarca da Nike, também é abordada. Certo é que a reação negativa ao uniforme uniu os fãs da seleção brasileira.

Em um campeonato entre nações, símbolos nacionais devem ser respeitados pelo valor que possuem. Em época das chamadas Sociedades Anônimas do Futebol (Saf), é necessário estabelecer princípios e valores inegociáveis. Como dizia a propaganda de uma empresa de cartão de crédito, “Existem coisas que não têm preço”. Símbolos nacionais devem estar entre elas. A pátria de chuteiras se nega a ignorar a história e tornar-se vermelha.