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Edson Andrade
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Coluna do Edson Andrade – Pela crença na Eternidade

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Coluna do Edson Andrade – Pela crença na Eternidade

De minha janela onde ouço o sabiá laranjeira, primavera explodindo em cores, todos os dias arremesso duas pequenas xícaras de água no pé de graviola. E me disseram que tomasse chá de suas folhas, em infusão verde para os males tantos da vida em modernidade, doenças e cinéreo céu de incertezas. Mas não me atrevo, pois que as reticências são minha essência como que a discordar de tudo e da vida.

Todavia, busco supedâneo nas mensagens em cujo latim me torno quase prepotente para dizer em “carpe diem, quam mínimo póstero crédulos”: na inexorável transitoriedade da vida, eis aproveitar o dia, sabiamente, posto que o futuro, qualquer que seja ele, ainda que minimalista, é incerto.

Nos muitos e bons livros – condição em que nos tornamos melhor aventurados e habilitados para o exercício do conhecimento,  eis que encontrei a seguinte pérola: “só existe um modo de triunfar sobre a morte: tornando nossa vida uma obra-prima” (Dan Brown). Faz-nos recordar um provável Monteiro Lobato na frase: “o homem é eterno quando seu trabalho permanece”. E nos locupletamos diante da inelutável necessidade de legarmos a quem quer que seja o melhor de nós, sobretudo no que concerne ao bom caráter, à caridade, à frugalidade e ao equilíbro.

Milhões de seres humanos buscam em um Deus – qualquer que seja sua feição – a justificativa para tanto empoderamento da loucura e da arrogância. Porém, poucos são aqueles que conhecem a cultura do “pudridero”, câmara em que corpos inumados permanecem por longos trinta anos, até localizar-se em pó para ao pó da insignificância retornar. E faz-se urgente que nossa realidade nos seja arremessada na face ageira, a fim de que nos tornemos melhor adaptados à condição de meros animais em estado de vencimento da validade.

Retorno à simplória figura do sabiá no pé de graviola e ao seu trinado que semelha ao chamamento de chuva. Nada mais significativo do que o momento. Porque desta janela em que perscruto o mundo minimalizado o sabiá sou eu, louco de amor pelas coisas tantas da vida. E faço coro com ele, assobiando todas as possíveis notas em que traduz suas esperanças.

“Memento mori”. Lembre-se da morte. Para recordar José de Alencar, o empresário inumado, absurdamente rico e despojado de riquezas, apenas humanamente doente, o mesmo que teve sua importância em vida transformada em pequeno pote de cinzas, o pó cinéreo em cuja desimportância traduziram seu fim. E nós, poetas redivivos em nossa ingênua crença de que o “spleen” nos fortalece, ousamos cantar loas aos mortos e aos supostamente imortais por força de sua obra. Carpe diem pela perpetuação do momento. Porque nossa imortalidade consiste em gravarmos nosso sorriso na carência do outro; nossa fé na descrença absoluta do outro; nossa caridade, na pobreza e na limitação do outro. Sobretudo, gravarmos nossos valores e nossa esperança nas consciências e nos corações dos que em nós reverberam suas mais autênticas e improváveis buscas.

O autor é escritor, professor, jornalista, radialista e advogado.

 

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