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Adilson Cardoso
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Coluna do Adilson Cardoso – Contradições e modernidades

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Coluna do Adilson Cardoso – Contradições e modernidades

Somos casados de maneira tradicional. Eu e minha esposa vamos à missa, participamos de encontro de casais com Cristo e, todas as vezes que fazemos amor agradecemos a Deus, felizes quando deu tudo certo e borocochôs quando o chicote não estrala direito. Sempre tivemos celulares, mas juramos que nunca teríamos Facebook, mas um dia comprei um chapéu Brent Black – Panamá e resolvi que seria interessante ostentá-lo. Entrei na rede social e logo estava com muitos amigos e adorando aquela situação, pelo chapéu alcunharam-me por Cowboy do asfalto. Minha esposa ao descobrir sentira-se traída, exigindo a senha e outras particularidades delas, após minucioso rastreamento descobrira que estava limpo. “Vou fazer uma pra mim!” Dissera já com o celular ligado. Nossa vida restabelecera a rotina, o Facebook tornara-se ferramenta de comunicação entre nós, na Igreja algumas pessoas já estavam se confessando via Messenger. É claro que o Padre precisou tirar a casquinha dele, “Sim filho, pode confessar pelo Face, mas é um processo pecaminoso e ilegal para a Igreja, então terá uma taxa extra, estou te enviando o numero da minha conta pessoal, depois rearei cada centavo para a igreja. Você deposita e envia o comprovante por e-mail, a seguir pode confessar o que  quiser!”

Enquanto isso, um e outro chegavam com a novidade do Watssap, “Nossa mais é pratico!” “Gente! imagina que nem meus créditos estou gastando mais pra conversar!” “Olha eu resolvi muita coisa enquanto trabalhava, apenas com uma simples mensagem!” “Vixi pra mim deu ruim, entrei num grupo que se chama, Encontro de Casais Felizes, achei que fosse como o nosso aqui, mas nas fotos que compartilharam era só gente pelada, pedindo que eu e meu marido enviássemos  as nossas e, já tínhamos convites para o primeiro encontro de casais na Sacanagem!”

Eu e minha mulher nos olhamos incrédulos e juramos que nunca faríamos Watssap.

O tempo ou e fomos sendo bombardeados, mal perguntavam nossos nomes e já queriam saber o numero do Zap. O padre não perdoava mais ninguém pessoalmente, “Quer se confessar, manda no meu Zap!” Nem estava cobrando nada, pois a Igreja havia liberado geral. Segundo o Papa Francisco Deus é o pai do Zap, mas o diabo é o pai do Nudes. Minha mulher disse que precisava me contar uma coisa, já fiquei preocupado, pois morro de medo de chifres, venho de uma família de galhas, desde o meu avô, meus tios e por ultimo meu pai, olhei para ela e disse que estava preparado, “É alguém que eu conheça?” Ela queria ser direta e não dera ouvidos, era o Watssap que já estava usando a uma semana, eu fingi estar chateado, mas também tinha o meu. Juramos que usaríamos com responsabilidade, dando atenção um para o outro, para os filhos, para os cachorros e para as visitas.

aram-se seis meses e a nossa história mudou. Estávamos trilhando  na mesma linha daquelas inúmeras que mostram nas novelas, filmes e matérias de jornais.

Trabalho o dia inteiro, mas a cada intervalo de dez minutos, mando uma foto para minha mulher, mesa, cadeiras, pessoas ando, meu chefe mostrando o cofrinho da bunda suada, o faxineiro coçando o cú, a rua movimentada. A carne do almoço, a marca do azeite que gosto na salada, a aliança descascada do gerente de qualidade e até o cartaz que fica na cozinha onde se lê: “Quem sujar o prato deve lavá-lo.” Não mostro as pernas cruzadas de Mellyandra quando ela vai atender ao telefone, tampouco os peitos da dona Valesca no provador de uniformes, enviado pelo Zinho do Almoxarifado, já tenho uma senha. Minha mulher também me envia fotos do seu trabalho  na Sorveteria, mas desconfio que ela  omita os nus que recebe, ou os seus que  envia   para algum sedutor barato, como já disse  venho da dinastia Galha, somos cornos que daria um time de futebol com reservas. À noite chego em casa  e vou para o banho, enquanto sento no vaso para a sessão evacuativa, vejo os vídeos idiotas que me enviam, solto peidos hilários  rindo daquilo. Vejo fotos  dos grupos e dou opiniões com as carinhas e mãozinhas ordinárias. Saio do banho direto á mesa do jantar, envio uma  boa noite aos filhos que feito eu e minha esposa, estão de cabeças baixas mergulhados nos celulares. Pergunto como foi  o dia, recebo polegares para cima e um para baixo. Para aquele que está negativo tento perguntar o que houvera, recebo uma carinha vermelha a ponto de explodir. Fotográfo a comida e envio ao meu colega de serviço que me retorna, ele está tomando cerveja, faço um ok de inveja e vou olhar uma mensagem que acaba de chegar. É da minha mulher me perguntando se paguei a conta da luz, dou um ha e vou ver outra mensagem, meu colega de serviço está comendo uma porção de carne de sol com mandioca, vem outra foto dele com duas garotas ao seu lado mostrando a língua, são as estagiárias, ele disse que vai comer a loura. Perco a fome e me levanto, minha mulher e meus filhos também não tocaram na comida. Vamos  para a sala de televisão, me  deito no carpete, minha mulher se deita ao meu lado e meus filhos em volta. O galo canta, percebemos que a noite estava indo embora, dou boa noite a todos com um de imagem da internet.

 

Adilson Cardoso
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