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Adilson Cardoso
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Coluna do Adilson Cardoso – Criticidade e Pobreza

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Coluna do Adilson Cardoso – Criticidade e Pobreza

“Se brasileiro é quem paga mais impostos no mundo, o pobre brasileiro da impressão de ser o que mais sofre o mais desgraçado entre todos os desgraçados. Além dos impostos, come mal, veste mal, dorme mal e mora mal, parte dos azarados ainda casam mal, conjuges violentos ou sem perspectivas de crescimento na vida, por ai vai.” Beiradinha ia lendo o pedaço de jornal velho que algum pobre jogara no assoalho do ônibus. O cobrador cochilava a ponto de bater com a cabeça na caixa registradora, em algumas manobras o corpo só não era atirado a distancia pela proteção do cinto de segurança. Por força dos sentidos quando o coletivo diminuía a velocidade ele abria os olhos, certificando-se de que não subiriam ageiros fazia um gesto de mastigação vazia e voltava a dormir. Beiradinha trabalhava como ajudante de pintor de paredes em um edifício do outro lado da cidade, no crachá que usava desde á hora em que fazia o sinal da cruz fora do portão de casa, se lia José Onofre Batista da Silva, mas ninguém o conhecia assim, o próprio dissera que por pouco não perdera sua vez na fila para tirar documentos quando o microfone anunciara José Onofre. Todos os dias era a mesma coisa o motorista ligava numa radio evangélica e suspendia o volume como se o ageiro fosse obrigado a ouvir, não gostava, chegava ao trabalho com a voz daquele pastor gritando Satanás nos seus tímpanos. Naquele dia ao sentarem-se sobre os pedaços de pilares dos fundos da obra para o almoço, retirou o pedaço de jornal velho enrugado no bolso e pediu atenção, ali eram iguais no sofrimento, nas marmitas o mesmo arroz e o mesmo feijão, um ovo frito e pimenta aos punhados, quem se destacava era aquele que tivesse algo que outros pratos não tinham João esposo de uma balconista de açougue, era da carpintaria, falava pouco, sua marmita era desejada por conta dos pedaços de carnes.

—Se brasileiro é quem paga mais impostos no mundo, o pobre brasileiro da impressão de ser o que mais sofre o mais desgraçado entre todos os desgraçados. Além dos impostos, come mal, veste mal, dorme mal e mora mal, parte dos azarados ainda casam mal, cônjuges violentos ou sem perspectivas de crescimento na vida, por ai vai. – Leu Beiradinha com alguma incerteza na voz, mas a platéia deu atenção.

— O que significa Cônjuges? – Perguntou Deir Bará também ajudante de Pintor.

— Sei não, só sei que quem escreveu isso aqui, falou a verdade. Não há bicho que sofra no mundo igual à desgraça do pobre! E ainda escuta uns filhos da puta como um Pastor que o motorista do ônibus escancara no rádio, que vem falar, se não nos arrependermos dos pecados vamos para o inferno! Tem inferno pior que ser pobre no Brasil? – Bradou Beiradinha apoiado pela turma.

— Meu cunhado é estudado e me conta muita história bacana. Outro dia me falou que no Rio de Janeiro havia um cara pobre que morava na favela e trabalhava num bairro nobre de ator de novela. Era igual à gente, assim, madrugava e trazia marmita, ava o dia inteiro e voltava para casa quebrado. Um dia um ladrão estava assaltando o ônibus e a policia foi chamada, quando abordaram, ao invés de bater no ladrão foi direto no carinha trabalhador que estava encolhido em seu canto, cagando de medo. Só depois que alguém gritou que era engano parou os solavancos. Uma pessoa fotografou na hora em que a policia batia e publicou nas redes sociais, o intuito era denunciar a agressão policial, mas insinuaram que eles prendiam um ladrão. No outro dia o cara foi injustiçado mais uma vez, a sindica do prédio em que ele era faxineiro o mandara para o olho da rua. Se não bastasse tudo isso sua filha mais velha ara a sofrer bullyng na escola. O carinha que segundo meu cunhado se chamava Vicentino, ajoelhara-se diante da mulher e da filha dizendo que partir daquele dia, todos iriam pagar pelo que fizeram e nunca mais fora visto. O barraco tornara-se silencioso, nem os filhos apareciam mais para brincar na rua. Vizinhos arrombaram a porta e não encontraram ninguém lá dentro, nenhuma sombra de objeto qualquer, as paredes sujas e esburacadas estavam vazias. – Concluiu Pedro Capacete diante de incontáveis olhares de interrogação.

— E daí, o que aconteceu depois com o cara? – Perguntou Beiradinha mastigando um pedaço de ovo.

— Ah! A outra parte eu não sei, meu cunhado contou só isso! Ah! Olha só essa outra, prestem atenção nisso! Antes de começar a namorar minha irmã ele disse que comeu quase todas as colegas na Faculdade, já até mostrou foto de mulher pelada que ele mesmo fotografara depois de torar. Mas é claro que só depois de eu dizer que não contaria nada. Uma dessas o diz que foi numa sexta feira, a mais chata da sala, saíram para beber, quando era para mais de meia noite, cada qual foi pagando sua parte e saindo, a moça chata que não interagia com a turma ficou sem carona, ônibus não tinha mais, ele então propa que daria carona se ela liberasse. Mesmo com relutância, dissera que sim, saíram direto para um motel, coisa de segunda só mesmo para aliviar os culhões,  disse ele. Disse também que quanto mais se aproximava do quarto o negocio esquentava, o corpo da mulher parecia de gente que trabalhava em televisão, tinha carne dura e cheirava bem, lá dentro começou o pega-pega, quando ela estava totalmente pelada, ele ficou tão louco que deu cólica no intestino, mas não se importara, porém quando fez o primeiro movimento de vai e vem, soltara um canudo de peido que estrondara feito bomba de terrorista. Com vergonha pedira licença para ir ao banheiro, na volta tinha apenas um bilhete desaforado na cama. “Peguei o dinheiro do taxi na sua carteira, se cuida cagão!” – Exclamou acompanhado de alguns risos.

— Olha o relógio, isso é horário de almoço e não férias! – Disse uma vez metalizada vinda de uma caixinha próxima a câmera.

 

Adilson Cardoso
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