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Adilson Cardoso
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Coluna do Adilson Cardoso – Desta Vez a Maria foi

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Coluna do Adilson Cardoso – Desta Vez a Maria foi

A ocorrência que chegou às autoridades do Condado de Nova Esperança próximo a Montes Claros, na sexta-feira (25), dizia que uma mulher armada havia se escondido em uma casa, ameaçando cometer suicídio. De acordo com a delegada responsável, a fatalidade aconteceu por volta das 19h30, três horas e meia depois que todos achavam que o caso estava resolvido. Os agentes chegaram ao endereço por volta das 14h e iniciaram as tentativas de convencimento. O porta-voz do Grupo Tático de Operações Especiais explicou que, durante as tratativas, a mulher simplesmente parou de se comunicar com os oficiais, Informando por um bilhete que queria a presença da televisão e de um Padre. Uma hora depois ela estava ao vivo para todo o país, tratava-se de Maria Aleluia Manuela Menelau, sem filhos, 43 anos de idade. O motivo de querer ceifar a própria vida seria a descoberta de que o marido era gay e tinha um amante, por isso estavam se separando, mesmo ela prometendo assumir um relacionamento aberto vivendo os três na mais vil das sodomias, ainda assim ele preferiu abandoná-la.  Ao vivo o povo mandava mensagens, fazia orações, lotava ônibus, Vans e até carroças de catar entulhos, tudo rumo àquela cidade. Uma telespectadora entrou no ar com voz de pato e rosto em tela preta, disse que sabia perfeitamente o que Maria estava sentindo, fora vitima daquele mal em algumas ocasiões, primeiro o seu marido a trocara por um Travesti, obrigando-a sair em busca de Analise no intuito de superar o trauma do abandono e os Bullyngs constantes. Mas pouco depois se descobria apaixonada pela Psicanalista, sentindo-se correspondida resolvera lhe dar a chance de experimentar o novo, se entregando plenamente. Porém a sorte caminhava em ruas contrarias as suas, quando se viu realizada dizendo a si mesma que encontrara sua metade, a amasia lhe confidenciava o surgimento de uma tórrida paixão pelo seu ex-marido que também usava da Psicanalise para esquecer o Travesti que lhe roubara o cartão de credito. Narrou soluçando como ara a beber, se prostituir e usar drogas, certo dia no ápice da loucura transou com um cachorro que dormia na rua e foi à missa pelada. Mas haveria de lhe vir outras infelicidades, na tentativa de fazer ciúmes para o ex-marido iniciara um caso com o mesmo Travesti, mas não surtira o efeito desejado, o cara estava realmente apaixonado pela Psicanalista e ex-amasia dela. Para vingar-se ela matou a mulher, achando que teria o homem de volta, ledo engano, ele se reconciliara com o Travesti indo embora para a cidade de Janaúba.  Enfim, ela estava falando da prisão com anuência da justiça, pois cumpre pena de vinte anos em regime fechado. Após o relato; Maria Aleluia sentiu um peso imenso desprender das suas costas, seu corpo ficou leve e um odor primaveril lhe entrou pelas narinas, entendeu que havia outras pessoas com problemas maiores que o dela.

— Decidi que não quero morrer, peço que me mandem um Guaraná e uma Pizza de Calabresa, vou comemorar minha nova vida!  Aqui está à arma policiais, glorias a Deus estou liberta! – Disse Maria falando ao vivo, sob milhares de palmas.

 Todos os donos de Pizzarias do Condado de Nova Esperança e região se empenharam em atender ao pedido.

— Graças a Deus uma vida foi salva das garras do satanás! – disse um Pastor da Assembleia de Deus para o Novo Mundo.

Pouco depois estacionava na porta um incontável numero de Motos entregando Pizzas e refrigerantes, flores, cartões e roupas.

 — Pode ver que logo aparece pelada em revista, hoje é assim, ganhou fama já vai mostrar as intimidades para ganhar dinheiro, não viu aquela Loira lá de São Paulo?  Foi para a Faculdade com um toco de vestido só para provocar os homens e ganhar fama! E ganhou, hoje vive ai eando de avião e mostrando a bunda em tudo quanto é lugar! Eu é que não quero um dinheiro sujo desse! – Falou a senhora magra de nariz adunco, Bíblia na mão e muita curiosidade para ver o rosto de Maria!

Uma grande orquestra de músicos da policia militar tocava os clássicos da Jovem Guarda, palhaços surgiam dando cambalhotas. Aviões da esquadrilha da fumaça mergulhavam no espaço fazendo piruetas, no céu turvo desenhavam corações e escreviam Ai Love You, até o nome de Maria estava lá para o delírio dos espectadores. Chico Pirata era o folclore da cidade, um ser insano que possuía a loucura do bem, menino adulto que morava na pensão da dona Emma, adorava omelete com queijo e ainda tomava mingau de Maizena em mamadeira, dizia que era Comandante da policia, naquela noite vestia-se com farda original, emprestada pelo comandante verdadeiro, pediu uma arma, mas lhe deram um simulacro, Todavia Chico não poderia aceitar, a data era muito importante para se apresentar ao povo com arma de brinquedo queria uma original para tirar foto e postar em redes sociais.

— Sem a menor chance e fim de papo! – Falou o Comandante se preparando para ouvir o hino nacional.

 Com isso Chico Pirata foi para casa chorando feito criança sem colo, quem ousasse a perguntar o que ele tinha, ouvia palavrões e se acaso persistisse no interrogatório, recebia respostas em pedras ou pedaços de madeiras que achasse pelo caminho. Porém nas suas pegadas de angustia, percebeu que a porta do posto policial da Praça estava aberta, o soldado responsável tomava seu banho despreocupado, assoviava o hino à bandeira e batia os pés com força. Chico meticuloso e sabedor do que queria pegou o revolver e o cinto de balas, feliz da vida, saiu fazendo self com um sorriso esticado de orelha a orelha. Pisava alto, estava mais que convencido do seu posto de chefe da policia. ou despercebido pelos próprios policiais que se acostumaram às inconstâncias do seu humor. Alguns rapazes caçoístas daqueles bares, mesmo contra a vontade da maioria, ofereciam bebidas alcoólicas ao Chico, pois em estado de embriaguez ele contava os segredos que sabia, não importava de quem fosse. Enquanto isso Maria Aleluia se divertia cercada de pessoas aspirando ouvir sua história. Chico já estava bêbado com a língua afiada para soltar os fatos, a primeira tagarelice foi a de que o Padre acariciava o seu pênis quando ele ia se confessar. Qualquer um que fosse perguntado, respondia que Pirata era alcunha do Chico adquirida em tempos de criança, logo quando perceberam que o pequeno garoto vagava com parafusos a menos na cabeça, usava uns óculos preto de uma lente só, assim um vizinho dando vida a sua fantasia, confeccionara um chapéu com o desenho de uma caveira e lhe entregara um papel que era uma espécie de registro lhe nomeando de Pirata. Mas havia também um cognome que lhe tocava severamente, quem quer que fosse o atrevido que o abordasse daquela maneira, era drasticamente atacado, “Chico Borrão” algo traumático ancorado no seu interior, nome vil da peste humana que fora por infelicidade quem fecundara sua mãe, que ele sequer havia conhecido, mas tinha histórias horrendas contadas em marcas pelo seu corpo. O palco estava montado, banda ando som, a Esquadrilha da Fumaça e o espetáculo no céu, Motos chegando com mais Pizzas, a quantidade já ava de uma por habitante, mas ninguém tinha espaço no estomago para comer mais, os cães iam a forra, um pretinho magricela tratou de arrastar uma caixa e esconder nos fundos do campo de futebol. Chico bicava o copo de um, virava o resto do outro e seguia delatando, cochichou que a dona Enedina do armazém se coçava nas partes de trás e levava o dedo ao nariz, também que no sábado ainda estava escuro quando seu Ranulfo da Farmácia saiu da casa da dona Leila do Zé do Capim que estava viajando. De volta ao palco, um mestre de cerimônia acabava de assumir o microfone, ao seu lado Forrozeiros com chapéus quebrados nas testas, apontava para uma grande festa. E muitas autoridades, uma interminável lista de agradecimentos ou a ser lida, dando nome aos bois, não podia se esquecer de ninguém, pretensos candidatos as próximas eleições precisavam ser muito bem lembrados, até nascimento de Bezerro era motivo de festa. Mas eis que por uma inconsequente zombaria, colocaram o nome do Chico de maneira infame para ser dito nos mais altos decibéis, quando aproximadamente cinco mil pessoas não contiveram seus risos, a galhofa coletiva transtornou o ordeiro visionário, que deixara o posto de Pirata para assumir o comando geral da policia, de arma em punho ou a atirar as cegas, desorientado com as ofensas ecoando na sua cabeça, “Chico Borrão é o Capeta do Zinferno!” gritava e prosseguia atirando, seis estampidos sem direção sob brados pavorosos “Chico Borrão é a puta que pariu!” a seguir um silêncio hediondo, as pessoas se olhando boquiabertas, revistando seus corpos buscavam manchas de sangue. Chico foi retirado de braços torcidos para trás, mas questionava impetuosamente a legalidade da sua detenção, já que era o comandante da policia e estava em seu devido exercício do trabalho. As autoridades políticas seguiam deitadas prudentemente, sem entenderem o acontecido, alguns pensavam tratar-se de queima de arquivo, outros achavam que os tiros tinham ligações com nepotismo, peculato, corrupção, fraudes ou notas de gasolina adulterada. Mas felizmente para eles a coisa seguia na mesma mão leve.

 — Graças a Deus ninguém se machucou, então peço que continuemos a festa para celebrar a vida de Maria Aleluia! – disse o Prefeito sem esperar ser chamado pelo Mestre de Cerimonia.

— Mas cadê a Maria?  Perguntou alguém no meio do povo.

 — Penso que foi ao banheiro, também quase faço o numero dois na roupa! – Completou uma repórter.

Mas embaixo do palco improvisado, entre os vãos das tábuas dois socorristas da Ambulância se levantavam tristonhos, balançando a cabeça negativamente, cobriram um corpo que acabava de receber três balas na cabeça. Com um longo suspiro o prefeito citado por diversas vezes em maracutaias, que era candidato a reeleição, ou um lenço pelos olhos e fingiu estar com a voz embargada:

— Senhoras e senhores, quando um não quer dois não brigam, fizemos de tudo para que a Maria ficasse entre nós, mas não era a sua vontade. Por isso, peço que respeitemos, Vá com Deus Maria! Sanfoneiro lasca o pau!

 

Adilson Cardoso
Adilson Cardoso

 

 

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