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Adilson Cardoso

Coluna do Adilson Cardoso – Pablo pagou o Pato da promessa com o Palhaço

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Coluna do Adilson Cardoso – Pablo pagou o Pato da promessa com o Palhaço

Pablo pagou o Pato da promessa com o Palhaço

Pablo Cautela estava sentado em frente ao computador, mesa desarrumada e um branco na mente. Precisava concluir o relatório, ava o olho nas medidas da tela soletrava uma palavra em inglês que estava na parte de cima do lado esquerdo.  Os dedos pareciam posicionados corretamente sobre as teclas, mas a inspiração não vinha nem se manifestava vontade de vir, observou uma queimadura já cicatrizada próximo a unha do dedo médio, não havia dores ou algo que lhe incomodasse, apenas uma marca escura e a lembrança deixada por uma ponta de baseado.  Não sabia quando ocorrera o episódio, mas não era prioridade naquela hora, Voltou o dedo ao seu ponto de partida esperando se inspirar para dar a largada, abaixo dele estava à letra K.  Displicente parou por breves segundos olhando a folha branca no centro da tela azul do computador.

— Letra k, letra k, letra k, não me lembro de porra nenhuma com a letra K! Será que já tive uma namorada com esta letra? Talvez até tenha comido uma vagabunda chamada k! Mas k o quê?  Não consigo me lembrar! – Sua voz era fanha e se propagava pelo  interior da sala.

Sentiu uma dor na costela como se levasse uma cotovelada.

Sob a tela do computado havia três revistas de capa dura para deixá-la mais alta,  aquela que estava sobre as outras era amarela e suas folhas continham manchas coloridas nas partes internas. As revistas que estavam embaixo pareciam brancas, mas Pablo se interessava especialmente em  olhar aquela de cima. Havia o símbolo do Governo Federal com a palavra Brasil escrita por letras multicoloridas.  Era mais um dos seus devaneios sem achar  inspiração para o relatório, de volta ao teclado levantou as mãos e começou a contar cada letra e números  alucinadamente, repetiu e contou até a exaustão, soprou os espaços empoeirados das teclas e virou-se para a parede, um velho banner do dia das mães mostrava varias mulheres com idades diferentes, cores diferentes e sorrisos abertos, outras possuíam apenas semblantes de riso.  Chegou bem próximo examinando minuciosamente, notou que muitas delas não lhe eram estranhas, mas não sabia de onde as conhecia, parecia não se lembrar de nada. Uma pasta vermelha de papel estava sobre uma cadeira torta de aspecto sujo e estofado rasgado, dentro muitas  fotografias dele, o rosto estava inchado e um hematoma da testa escorria sangue. Talvez tenha sofrido um acidente,  algum atentado, mas não se lembrava de nada. De repente foi acometido por um súbito pavor quando  viu que não se lembrava de algo que precisava ser lembrado, precisava fazer alguma coisa, mas não sabia que coisa era.  Uma chave estava na porta e balançava com uma brisa entrando pela janela, um chaveiro redondo se dependurava  na chave. Portas são abertas e fechadas a todo instante, mas Pablo não sabia para onde poderia ir se abrisse aquela porta. Ao lado do cesto de lixo uma garrafa de água mineral vazia que também não lhe dizia nada. Algo bateu forte no banheiro, preocupado moveu-se com receio esperando o desfecho do ruído. Um pequeno pato amarelo de plástico saiu andando normalmente em direção a porta, vendo que estava trancada se encolheu e ou por um pequeno buraco entre a porta e a esquadria, um palhaço com nariz de cenoura surgiu no meio da folha branca da tela do computador, sua voz era sarcástica e parecida com a do pai de Pablo.

— Largue tudo agora, largue enquanto há tempo estou avisando, eles estão vindos! Mas antes não se esqueça de pagar a promessa! Hahahahahahaha!

— A promessa! Que promessa? – Perguntou desarticulado para a tela já vazia. — Vou precisar pagar a promessa! Vou precisar pagar a promessa, mas antes quero me lembrar daquilo que precisava fazer! Quem será aquele pato?  -Indagava insanamente sem respostas.

Paralelo as coisas inexplicáveis, Pablo sentia uma terrível vontade de fazer xixi, mas devia pagar uma promessa como dissera o Palhaço, provavelmente algo ligado ao Pato que poderia voltar a qualquer instante. Levantou-se da cadeira buscando coragem para ir ao banheiro, antes que se precipitasse a tela brilhou e o Palhaço apareceu cantando uma canção, algo medonho feito reza de velório. Mas ele ria e gritava que pagasse a promessa. O cenário havia mudado a tela do computador estava um pouco mais distante e era um televisor. Pablo estava em um quarto escuro sobre uma cama, ao seu lado um embrulho robusto que a penumbra do ambiente não deixava ser identificado. Algo dentro dele ordenava que aquela urina fosse despejada sobre o vulto para a sua purificação, ele então olhou mais uma vez para o Palhaço que parava de cantar para ver a cena, aquela era a promessa bizarra a ser cumprida. O pato juntou-se ao palhaço e os dois latiram feito  cães exaltados do meio da noite.

 

— De novo você urinando em mim seu infeliz, desgraçado cachaceiro! – A mulher de Pablo acendeu a luz furiosa o jogando para fora da cama sob violentos safanões.

Por Adilson Cardoso

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