Coluna do Adilson Cardoso – Não Bata no Nosso Ladrão

Coluna do Adilson Cardoso – Não Bata no Nosso Ladrão

Stanley, um americano, morador da cidade de Mansfield no Texas. ara  o ultimo carnaval  no Brasil com a mulher e um dos filhos. O grande  numero de bundas e peitos fora das roupas  mexera sensivelmente com a libido do gringo que jurara voltar sozinho ao Rio de Janeiro. Preparara-se como pôde,   desembarcando  para sua aventura solitária e pecaminosa,  depois do primeiro dia do ano novo, seu nome aparecia como hospede de um luxuoso hotel, trocara dólares, chips  e foi para farra, estava no inferno paraíso  que sempre sonhara. Deitava nas areias da praia e tomava água de côco irando  as bundas; gordas, magras, malhadas, celulites e tatuadas de todas as idades. Os peitos eram pequenos, médios, grandes, enormes, siliconados e até amputados. Valia tudo, até a ressurreição das bronhas. Em uma sexta-feira Stanley fizera  o bigode e pintara o cabelo, os fios brancos ficaram pretos cheirando a creme importado, naquele dia estava marcado uma hora de amor com a recepcionista do hotel, tomariam um drink  e se entregariam a tarde inteira, era folga da moça e ele não via a hora de arrancar a calça apertada que ela usava marcando a calcinha. Enquanto esperava no lugar combinado, foi fazer um esquenta, pediu Whisque  sem gelo, mas durante aquele tempo surgiram dois menores, um branco e um negro, eram fortes e cheiravam thinner. Um deles estava armado, Stanley receoso  deixou apenas uma nota sobre a mesa,  escondendo  a carteira dentro da bermuda.

— Perdeu, prayboy, a tudo! – Gritou um dos bandidos.

O gringo por medo de denunciar sua origem fingiu-se de mudo.

— Hum, hum, hum! – Resmungava  apontando  a nota sobre a mesa.

— Qual é prayboy do carai, tu ta achano que vou comer chugesta sua?! – Falou o bandido apontando o dedo para o rosto dele.

Mas o alvoroço  chamou atenção dos pedestres que ligaram para a policia.  Aquele que estava armado fugiu, o outro vendo que estava sozinho, achou que não era boa coisa continuar o assalto e correu também. O gringo foi atrás, durante dez longos minutos correram pelos quarteirões num intenso “pega-pega!” Até o momento em que um taxista desconfiou do aranzé e colocou o pé a frente do bandido. No chão Stanley se aproveitou sem piedade, batia e olhava para o lado vendo a platéia crescer, sabiam que se tratava de um delinqüente, sua sacolinha de thinner ainda estava na mão que tentava se defender.

— Quebra essa desgraça no pau! – Disse um vendedor de chapéus que havia sido vitima do rapaz.

— Semente do mal tem que morrer! – Falou outro da janela do carro.

A rua estava tomada de iradores da crueldade, celulares filmavam, tiravam fotos e o gringo se sentia  pop star.  Até que um jornalista após uma série de fotografias em  vários ângulos, encostou com seu bloco de anotações.

— Senhor, senhor, por favor! Qual é o seu nome? – perguntou destampando a caneta.

— Oh Yes, my name is Stanley!

Antes que o jornalista  fizesse uma nova pergunta a platéia chiou.

— Como é que é isso ai?! My name é o caralho seu filho da puta! Você vá quebrar no pau os bandidos lá dos seus Isteites, ou então os filhos de Bin Laden que derrubaram  suas Torres! Aqui no Brasil batemos nós! .

—  Não vamos aceitar essa afronta! É bandido, mas é nosso! – A dona da banca de revista também se manifestou.

— Seu corno do aro frouxo, cê tem que entrar é na pêia cabra safado! – Disse um  sanfoneiro que tocava por moedas.

Antes da segunda garrafa de água mineral ser atirada no gringo a policia chegou para apaziguar. Na confusão o bandido virou fumaça.

Por Adilson Cardoso

 

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