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Alberto Sena
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Coluna do Alberto Sena – Grão Mogol, mundo de aparências

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Antes, muito antes de ser encontrado no mercado em caixas “tetrapak”, como se dá hoje em dia, podendo durar semanas nas prateleiras dos supermercados, o leite era vendido em latões transportados da roça no lombo de cavalos.

O cavaleiro, geralmente um vaqueiro, vendia o leite nas ruas de Montes Claros gritando a plenos pulmões: “Olha o leiiiteirooo…” Ele não tinha buzina de borracha que faz “func func”, como fazem em Grão Mogol os vendedores de pão em cima de motocicletas.

Tanto chegava suado o cavaleiro como o cavalo. Cada um cheirava mais do que o outro. Era, em realidade, uma mistura de cheiro de leite derramado e de urina do cavalo. Quando o animal urinava, era um jorro parecido com torneira aberta. Quando não vinha acompanhado da obra do bicho parecida com pelotas de minério de ferro.

Os cheiros impregnavam a calça, a camisa, o chapéu e as botinas do vaqueiro. E a partir disso se podia avaliar a higiene na ordenha das vacas. Mas tudo ficava bem com a fervura do leite. Inclusive o risco de ser acometido de aftosa e outras doenças decorrentes. Na época não tinha outra maneira. Era desse jeito.

As mães deixavam os afazeres e iam para a porta das casas com o vasilhame a fim de comprar leite do leiteiro. “Olha o leiiiteiiiro…” Esgoelava lá fora. O leite era vendido desse jeitim: depois de receber dinheiro e dar o troco, o vaqueiro de mão suja e suada enfiava no latão uma lata de um litro e despejava no vasilhame trazido pela freguesa. Geralmente eram as mulheres. O importante é que o leite vendido naquela época era verdadeiro, “in natura”.

O leite tinha de ser fervido, logo, senão azedava ou “cortava”, diziam. E “cortava” mesmo. Era para ser consumido rápido. A ordenha tinha sido feita de manhã cedo e o produto devia ser vendido logo senão era prejuízo na certa para o pecuarista de leite, muitas vezes chamados “gigolôs de vacas”, sempre que o preço sofria majoração.

É por ser produto perecível que a gente deve questionar esse leite vendido em caixas “tetrapak”. Quem dera se naquela época os pecuaristas tivessem facilidade de conservar o leite. Nessa embalagem agora estão nos oferecendo também sucos com gosto da fruta. Um perigo. Por causa disso e de outros fatores conheceremos uma geração de obesos devido ao consumo de produtos com gosto de fruta, mas é veneno a conta gota.

Voltando ao leite, com o surgimento do processo de pasteurização, o produto podia ficar na geladeira e durava mais tempo. Mas lá em casa, mãe Elvira não deixava de ferver o leite. Mal sabia ela que, segundo o Maratma Gandhi – revelação feita em sua biografia – “leite de vaca acelera o processo de envelhecimento”. E mais dizia ele: “Leite de vaca é para o bezerro”.

Evidentemente, sempre pus mais fé e confiança nas palavras de Gandhi, a “Grande Alma”, do que nas palavras de quem disse um dia numa roda de amigos – e desatei a rir: “Leite de vaca faz crescer cabelos nos ouvidos”.  Houve quem asse bom tempo estudando a possibilidade de leite de vaca fazer crescer cabelos nos ouvidos.

Foi quando aqueloutro matutou durante bom tempo sobre essa antes desconhecida propriedade do leite – de fazer crescer cabelos nos ouvidos – que acabou inopinadamente chegando a uma conclusão: “Isso só pode ser conversa de bebum. Uma maneira de fazer como os políticos fazem há décadas, legislar em causa própria pra não beber leite e enfiar a cara só na cachaça”.

Não estou aqui contra o consumo de leite. Há um ramo da economia e consumidores dependentes do produto e dos seus derivados. ei por aqui só mesmo porque vi pela janela um homem montado a cavalo. A figura dele me recordou a dos leiteiros dos anos 50.

Quem viveu o período e vivo ainda está poderá fazer as comparações com os dias de hoje. As pessoas tomam leite aguado e sucos só com gosto de fruta. As crianças, em sua maioria, conhecem o ovo, mas não sabem da galinha. Comem a carne de boi, mas nunca viram, ao vivo e em cores, um boi. Nem sabem se ele faz “mooommm” ao mugir.

Sinceramente, não gostaria de nascer hoje neste mundo onde quase tudo parece ser, mas não é.

Por Alberto Sena

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