Beleza – Maquiagem exige também cuidados com os olhos

Um dia a oftalmologista Soraya Santos foi surpreendida com uma alergia nos olhos. A médica teve edema de pálpebra que chegou a causar até descamação. Com a ajuda de um dermatologista, descobriu que o processo alérgico havia sido causado por um esmalte, cuja marca estava acostumada a usar. Nem por isso abandonou o hábito de pintar as unhas, mas mudou a marca. Com o episódio, ficou sabendo que, quanto mais forte o pigmento, a cor, mais possibilidades de reações. E afinal não existe produto totalmente alergênico, nem ninguém imune a desenvolver um problema.

Vaidosa, ela também está no time das mulheres que não dispensa a maquiagem nem as lentes de contato. Conhece os riscos e sabe os cuidados que deve ter. Rea para suas pacientes os conhecimentos adquiridos com o uso e a expertise profissional.

Primeiro Soraya recomenda a escolha de uma maquiagem de boa procedência. Segundo: “Dormir maquiada é um crime para a saúde dos olhos”, diz. Ela recomenda o uso de um demaquilante bifásico, porque é mais oleoso e remove o produto mais facilmente. Seja qual for o que você usar, lave bem o rosto e, se for um produto de base oleosa, lave bem as mãos antes de retirar as lentes.

A oftalmologista costuma usar e indicar o Blefhagel como demaquilante. Essa é uma medicação usada para blefarites, ou seja, processos infecciosos nos cílios, e que se descobriu se tratar de um eficiente removedor de maquiagem. As blefarites e terçóis são as ocorrências mais frequentes provocadas pela cosmética e lentes de contato. “Na pálpebra, há glândulas que produzem secreção gordurosa existente para se juntar à lágrima e evitar que ela evapore rápido, promovendo proteção aos olhos. Quando ocorre inflamação, surge o terçol”, explica. Lápis, rímel, sombra e delineador podem obstruir as glândulas, principalmente se usados na parte interna, como o lápis de olho.

Já a oftalmologista Conceição Sales acredita que o hábito de levar as mãos aos olhos é a principal fonte de contaminação ocular, com consequências variadas, de uma pequena irritação a blefarite, conjuntivite e úlceras coreanas. Ela orienta lavar bem as mãos, com frequência.

Conceição Sales indica alguns procedimentos que devem ser seguidos nesse ritual: fechar os cosméticos logo após o uso para evitar contaminações e não expô-los ao sol, lavar as escovas de rímel com frequência e trocá-las a cada três meses para evitar crescimento de micro-organismos, não compartilhar produtos de maquiagem e não usar saliva para lubrificar os pincéis.

Cuidados com a validade também devem ser observados. “Produtos fora da validade podem causar conjuntivite tóxica”, orienta Soraya Santos. Portanto, se você tiver coceira, prurido, ardor, inchaço, se os olhos lacrimejarem mais do que o normal e a visão ficar borrada, procure um oftalmologista.

Soraya chama atenção ainda para os filtros solares e os cremes antirrugas, que não devem ser colocados muito próximos aos olhos. O problema dos protetores é que o produto se mistura ao suor e acaba caindo nos olhos durante a prática de exercícios físicos. “Ao aplicar creme nas pálpebras, a pessoa deve evitar tocar os cílios e remover o excesso com lenço de papel, porque o creme, quando penetra nos olhos, pode provocar turvação visual, ardor e outras reações alérgicas. Feche os olhos ao utilizar produtos em aerosol”, orienta Conceição Sales.

LENTES DE CONTATO – De acordo com Soraya, há uma corrente de médicos que compartilham da opinião de que não há problemas em dormir com lentes de contato, mas a médica discorda. “Ao dormir você enxerga muito bem seu sonho”, ironiza. Ela também diz que a lente pode aderir à córnea durante o sono.

Usuária de lentes há mais de 30 anos, Soraya recomenda por a lente antes da maquiagem para não correr o risco de colocar nenhum resíduo dentro do olho. “A lente é um corpo estranho. Antes de decidir por ela, é importante avaliar o filme lacrimal, se o paciente tem um olho mais seco. E é preciso também muito cuidado com a higiene, lavar bem as mãos e conservar a lente limpa em solução adequada”, explica.

A solução à qual Soraya se refere não é o soro fisiológico, tão comumente usado. “O soro é um excelente meio de cultura para bactéria. Tem gente que chega a colocar com saliva”, conta. A especialista lembra que, certa vez, um político em campanha no interior do Estado deixou a lente cair. O político a apanhou e a lavou na torneira de um banheiro. Resultado: teve a córnea arranhada, que evoluiu para uma úlcera e só não perdeu o olho porque foi internado rapidamente.

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